No blogue de Rerum Natura, a pedagoga Helena Damião escreveu um excelente texto (“Poderia o nosso ministério da Educação ser diferente?”)acerca do facto dos vários partidos políticos portugueses partilharem diversas ideias erradas sobre a educação e não serem capazes de defender outras ideias melhores, por terem a sua impopularidade. As perguntas feitas no excerto abaixo apresentado têm todas a mesma resposta: nenhum.
Infelizmente não são só os partidos políticos a pensar assim. Os 25 subscritores do manifesto “O nosso presente e o nosso futuro: algumas questões prementes” não se desviam muito dessa linha, como se percebe lendo as páginas educadas à educação. Embora incluam algumas questões e propostas pertinentes face ao descalabro que foram as medidas deste governo, não rompem com o modo de pensar descrito por Helena Damião. Ora, os 25 cidadãos que subscreveram o documento dizem-se – segundo o jornal Público - independentes, pelo que nem podem alegar o medo das represálias eleitorais…
“Que partido teria coragem de defender que o ensino, mais do que respeitar os interesses e as necessidades dos alunos ao ponto de os tomar como metas educativas, deve modificá-los no sentido do que é assumido como educação desejável? Que a aprendizagem direccionada (só) para o quotidiano social, cultural, étnico dos alunos, descuidando as suas potencialidades cognitivas, empobrece-os intelectualmente; que a aprendizagem cooperativa, de projecto, de pesquisa não pode nem deve substituir o ensino estruturado; que não há garantias que as tecnologias da informação e da comunicação constituam uma grande ou pequena revolução pedagógica; que, por princípio, os encarregados de educação e pais não se devem pronunciar em matéria de ensino formal, pois este constitui uma actividade técnica que só os professores dominam com a competência de especialistas; que as actividades lúdicas e as actividades formais devem estar devidamente separadas e sequenciadas no espaço e tempo escolares; que a noção de escola inclusiva levanta as maiores dúvidas, do ponto de vista de desenvolvimento daqueles que mais dificuldades têm; que as crianças e jovens não devem, em circunstância alguma, avaliar os professores; que a escola a tempo inteiro acarreta problemas dos quais ainda mal conhecemos os contornos; que as câmaras de vigilância nos recreios, em substituição de pessoas, não educam; que o conhecimento tem valor e que a escola não o deve dispensar ou aligeirar em nome seja do que for; que todos os sujeitos têm direito a uma educação elitista, mesmo aqueles que seguem vias profissionalizantes?”
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