segunda-feira, 20 de julho de 2009

Como se chegou a este ponto?

“Fenprof exige suspensão da avaliação ou ausência de consequências para docentes”.

Nalguns comentários a essa notícia do jornal Público pode ler-se que os professores são todos uns incompetentes e preguiçosos, que querem trabalhar pouco e não ser avaliados. Trata-se, como é óbvio, de uma generalização grosseira.

Não se pode falar assim. Há cerca de 140 mil professores em Portugal e muitos (mas todos, infelizmente) são empenhados e competentes. Muitos querem ser realmente avaliados.

Seja como for, os professores (individualmente e em grupo, através das associações e sindicatos), deviam reflectir acerca dessa má opinião que muitas pessoas em Portugal têm dos professores. Como se chegou a este ponto?

Talvez essa reflexão pudesse contribuir para clarificar, e até resolver, alguns dos problema da educação, nomeadamente o problema da avaliação dos professores. Que não é, infelizmente, o nosso pior problema.

7 comentários:

  1. O título da notícia responde à sua pergunta. Desmascara toda esta luta hipócrita dos professores...

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  2. Não reponde, não! Nem todos os professores são iguais. Se alguém lhe disser que "todos os alentejanos são preguiçosos" ou que "todos os matemáticos são egocêntricos" (ouvi esta pérola há dias, a uma senhora que estava a comprar amoras no supermercado...) o caro anónimo dirá que é uma generalização sem sentido - mas no caso dos professores já acha bem... Se calhar devia repensar as suas razões.
    Os sindicatos têm alguma responsabilidade no estado a que isto chegou. Muitos professores também. Este governo tem muita responsabilidade. Os anteriores também têm muita responsabilidade - embora nenhum tenha feito pior que este! E também há causas sociais... Enfim, isto é uma salada muito complicada - e a sua opinião ainda é mais simplista que a dos sindicatos.

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  3. A avaliação tal como está a ser realizada na grande maioria das escolas, para os professores que não solicitaram a avaliação da componente científica, no essencial, em pouco difere da avaliação que o ministério dizia que não existia. Portanto, a grande conquista do ministério com o simplex, mais parece uma suave continuidade da avaliação de outrora que o nosso primeiro ministro jura que jamais existiu. É caso para dizer que a montanha pariu um rato.

    F. Pinheiro

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  4. As generalizações são quase sempre injustas e, no caso do professores, são também perigosas. Que me lembre, nunca ouvi ou li nos media declaração de um professor que não quisesse avaliado. A ideia, lançada pela tutela, generalizou-se e agora, quando há falta de argumentos, serve sempre. Todavia, existem várias questões prévias essenciais: Perante os graves problemas da educação (indisciplina, falta de recursos materiais e humanos, alguns programas completamente ultrapassados, muitos manuais construídos na base do estereótipo, etc,...)porque é que o Ministério colocou como prioridade a avaliação dos professores? E, no plano do rigor e da equidade, não é suposto que, antes de avaliar, os mecanismos de avaliação sejam testados? Tecer comentários sobre a avaliação dos professores é fácil, principalmente para quem desconhece o quotidiano das escolas, fala de catedra ou gosta de "atirar palpites" para o ar.
    Esta avaliação é uma fraude e é bem pior do que a anterior. Os sindicatos têm responsabilidade, é verdade, mas as (des)orientações vieram do ministério. Já agora também gostava de saber porque é que não existe uma avaliação idêntica para os professores universitários, com aulas assistidas, dossier pedagógico e contingente para mudança de escalão... Provavelmente muitos dos deputados, políticos e, porventura, também a senhora ministra ficavam a meio da carreira.

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  5. Caro anónimo:

    Seria desejável, para saber se a luta dos professores é hipócrita ou não, que se desse ao trabalho de obter informações sobre o modelo de avaliação que se encontra a ser implementado pelo actual governo. Pode obter alguma descrição factual do dito modelo no blogue Dúvida Métodica na etiqueta educação e, naturalmente, em muitas outras fontes. Depois de o fazer, talvez possa reflectir e responder a três questões fundamentais:

    - Qual é objectividade dos critérios propostos no actual modelo (experimente a consultar a Ficha de auto-avaliação do Ministério, que os professores têm obrigatoriamente de preencher, para perceber o rigor e a isenção deste modelo)?

    - Como é que a aplicação deste modelo permite uma avaliação imparcial e justa dentro da mesma escola e entre escolas diferentes?

    - A aplicação deste modelo contribuiu para a melhoria do ensino e da aprendizagem? Como? Quais são os dados que se podem apresentar?

    Cumprimentos.

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  6. Eu gostava de ser avaliado. Mas leio o Decreto Regulamentar 2/2008, de 10/01... conjugado com o Decreto Regulamentar 1-A/2009... conjugado com o ECD - Decreto-Lei 15/2007, de 19/01... e leio os relatórios e recomendações da OCDE e outros sobre o modelo... e cismo... cismo... e apetece-me ir para África! Ou para o Chile! Ou para a Ásia...
    Isto não é um país a sério!

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  7. Como eu o compreendo. Muitas vezes penso o mesmo.

    Como é possível ter transformado, algo que em si que era um bem desejável: uma avaliação que permitisse distinguir mérito daqueles que são mais competentes, num pequeno inferno burocrático que prima pela ausência de rigor e justeza?

    No meio de tudo isto fica um descrédito imenso nos políticos, na justiça e uma enorme desmotivação.

    O mérito e esforço, no caso dos professores, valem o quê?

    Cumprimentos.

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