Em tempo de balanços e relatórios, deixo aqui o registo de algumas das tarefas que realizei como directora de turma. (Para contextualizar: sou professora do ensino secundário e leccionei aulas a cinco turmas e dois níveis diferentes.)
Passei dezenas de horas a ler legislação, por vezes alterando regras que tinham entrado em vigor poucos meses antes. Passei dezenas de horas a analisar inquéritos com dados pessoais inúteis acerca dos alunos e depois a preencher formulários também inúteis com as supostas conclusões inferidas desses dados. Recebi 30 Encarregados de Educação na hora de atendimento. Efectuei cerca de 20 telefonemas. Enviei 37 cartas. Realizei 3 reuniões com os Encarregados de Educação (depois das 18.30). Organizei e realizei uma visita de estudo. Presidi a 7 reuniões do Conselho de Turma. E, já me ia esquecendo, andei diversas vezes atrás de alunos e de colegas por causa de medidas correctivas e provas de recuperação.
Para desempenhar estas tarefas tinha no meu horário um bloco semanal de 90 minutos. Seria suficiente?
Claro que não. Fiz aquilo que muitos professores actualmente são obrigados a fazer se quiserem cumprir as obrigações inerentes às suas funções: horas extraordinárias não remuneradas.
Será por mera preguiça que tantos professores experientes, mas ainda a anos de atingirem a idade da reforma, optaram por se reformar antecipadamente? Ou esse fenómeno terá algo a ver com as condições de trabalho que são dadas aos professores?
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