quinta-feira, 30 de julho de 2009

Os alunos externos são extraterrestres ou são alunos portugueses?

A notícia do jornal Público começa assim: «Uma hecatombe. Todos os exames do ensino secundário mais concorridos tiveram média negativa na segunda fase, mostram os resultados divulgados hoje.»

Mas para os lúcidos responsáveis do ME não há motivos de preocupação: «O Ministério da Educação atribui esta queda ao facto de nesta fase o "peso dos alunos externos" ser maior e por isso pesar mais "na determinação do sentido positivo ou negativo da média geral".»

Claro que faz sentido analisar a influência dos alunos externos nas classificações. Mas já faz menos sentido o Ministério desresponsabilizar-se dos resultados dos alunos externos. Será que esses alunos nunca passaram pelos bancos das escolas portuguesas? E, já agora, porque é que há tantos alunos externos?

Seja como for, esse género de análises (além das diferenças entre alunos internos e externos, também faz sentido analisar as diferenças entre a 1ª fase e a 2ª fase, entre o actual ano lectivo e os anos anteriores, entre os resultados das diversas disciplinas, etc.) incide sobre aspectos particulares e a circunstância do seu resultado ser mais positivo ou mais negativo não anula este facto: se os exames não são escandalosamente fáceis os resultados são maus.

Pois é: a expressão “os lúcidos responsáveis do ME” que utilizei algumas linhas atrás era irónica!

(Relativamente a este tema escrevi também aqui, com direito a comentários anónimos dos defensores fanáticos do governo.)

2 comentários:

  1. Porque há tantos alunos externos? Só pode ser culpa do governo. Mas isso é um fenómeno de agora? Não. Existe há mais de 50 anos. E porquê? Por causa dos explicadores, sobretudo os professores-explicadores que os incentivam a isso... e os empurram para fora da sala de aula (que alívio!) Todos fazem crer que assim será melhor e se pode passar sem ter de ir todos os dias às aulas, só com umas explicações. Porque efectivamente (e é uma vergonha defender o contrário) os alunos que vão à 1a e 2a fase são mesmo diferentes.

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  2. Eu não disse que a culpa de haver alunos externos era do governo. Disse que o Ministério da Educação, este ou outro, não se deve desresponsabilizar desses alunos.

    A sua explicação para a existência de alunos externos baseia-se em quê? É manifestamente simplista, ou seja: refere um factor que está presente no caso de alguns alunos, mas não de todos; e esquece outros factores, a maioria deles com mais anos que este governo.

    Há muitos alunos da 2º fase que também foram à 1ª: voltam porque chumbaram ou para melhorar a nota. Há muitos alunos que vão na 1ª fase a um exame (ou dois) e na 2ª fase a outro. Qual é a vergonha de afirmar isso?

    O problema do caro anónimo é que utiliza um critério enviesado para ler as coisas: a defesa acrítica e cega do governo fá-lo ver afirmações onde há perguntas e críticas a este governo onde há críticas às políticas educativas de vários governos.

    Não que este governo não mereça muitas críticas exclusivas: mandar (ou instruir, ou sugerir, ou inspirar... escolha a palavra, pois este governo é hábil nisso: mandar sem parecer que mandou e, como se viu ainda agora,convidar sem parecer que convidou) o Gave fazer alguns exames vergonhosamente fáceis, por exemplo, só foi feito por este governo.

    Por último: o PS está reduzido a defensores anónimos? Merecem mesmo perder as eleições!

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