quinta-feira, 23 de julho de 2009

O facilitismo na Educação é um tiro no pé!

Hoje observei uma situação na rua que, apesar da proximidade das férias e da ausência de actividades lectivas, me levou a fazer considerações semelhantes àquelas que Desidério Murcho faz no texto a seguir apresentado. A situação foi esta: um rapaz dos seus 15 anos encontrou não sei que folheto na rua e, depois de lhe dar uma vista de olhos, perguntou ao pai: “Quem é Eça de Queiroz?” O pai, vestido com a farda dos varredores municipais, respondeu: “Sei lá! Deve ser um político qualquer…”

tiro_no_pe O “facilitismo não teve o efeito que os partidários do “eduquês” dizem que teria: dar oportunidades aos estudantes culturalmente mais desfavorecidos. Em 30 anos de facilitismo educativo, os efeitos não se fizeram sentir: os cursos de maior prestígio e exigência cognitiva continuam a ser maioritariamente frequentados por “meninos finos”. Porquê? Porque o facilitismo, ao contrário do que os partidários do “eduquês” defendem (e têm toda a legitimidade para o defender, não é isso que está em causa), não favorece os meninos culturalmente carentes — pelo contrário, deixa-os ainda mais carentes. Apenas permite que não reprovem. Mas não reprovar sem saber é tão mau, ou pior, do que reprovar. O que era realmente necessário era fazer esses meninos ter aproveitamento cognitivo real, e não fingir que o têm por via do facilitismo.”

Este texto (publicado no blogue De Rerum Natura) data de 4 de Abril de 2007. A situação entretanto piorou e, é hoje mais óbvio que nunca, que o facilitismo na educação promove a desigualdade social e não a igualdade.

O facilitismo é um tiro no pé: permitir que os alunos frequentem a escola e tenham aproveitamento sem aprender realmente não beneficia esses alunos, prejudica-os. E ao país também.

O facilitismo prejudica o país porque, além de prejudicar os alunos culturalmente carenciados, destrói o valor do conhecimento e da educação.

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