segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Maria De Lurdes Rodrigues: a ministra da barbárie

Vale a pena ler “O legado de Maria de Lurdes Rodrigues”, um balanço impiedoso da acção da ministra da Educação, da autoria de José Luiz Sarmento, no blogue As Minhas Leituras.

Eis um excerto, para confirmar que vale a pena:

“Na sua complacência criminosa com o gigantismo burocrático, com o delírio pedagógico e com a falta de civismo que grassa nas escolas, Maria De Lurdes Rodrigues não se distinguiu substancialmente de muitos dos seus antecessores. A diferença decisiva está em que estes, embora criados no caldo de cultura das ESE's e do sociologismo, tinham ligações culturais e conceptuais ao exterior deste mundo, ligações estas que lhes permitiam reconhecer pelo menos a existência de algo para além dele. Maria de Lurdes Rodrigues, pelo contrário, só existe neste pequeno mundo e não acredita que haja alguma coisa fora dele. E, não conhecendo outro mundo, também não conhece o seu. Nunca afrontaria a Nomenklatura tecnoburocrática do seu ministério porque nem sequer se dá conta da sua existência - tal como um peixe não se dá conta da água.

Por isso foi capaz de assinar um Estatuto da Carreira Docente em que as palavras "ensino" e "ensinar" não aparecem uma única vez (...).

Se a civilização é, como se diz, uma corrida entre a escola e a barbárie, Maria de Lurdes Rodrigues será a ministra que pôs peias e freios à escola. Não foi ministra da educação, foi ministra da barbárie.”

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O facilitismo educativo promove a desigualdade e a exclusão social

Vale a pena ler a opinião de João Cardoso Rosas (Professor de Teoria Política) no jornal i. Tem um título que começa a ser politicamente incorrecto: “Mais valia reprovar”.

Um excerto para abrir o apetite:

“Na situação a que as políticas da escola inclusiva conduziram o sistema educativo, ele deixou de ser um trampolim para os desfavorecidos pela lotaria social. Pelo contrário, a inclusividade da escola levou as classes altas e médias a trocar o sistema público pelo privado ao nível da educação pré-universitária. O resultado final deste processo é um típico efeito perverso: a transformação da escola pública, que pretendia promover a inclusão, num factor de exclusão social.”

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O homem que não mordeu o cão

No jornalismo existe um velho adágio que diz: “Um cão morder um homem não é notícia. Notícia é quando um homem morde um cão.”

Nessa óptica, isto que se lê no Público não é uma notícia: “A ministra da Educação rejeitou hoje que tenha existido facilitismo para melhorar as taxas de abandono e retenção escolar”.

Notícia seria a ministra reconhecer que promoveu o facilitismo - no Ensino Básico e no Ensino Secundário, nomeadamente (mas não só) nos exames nacionais – e que essa é uma das razões pelas quais é uma péssima ministra da Educação. (A propósito do facilitismo ver aqui e aqui.)

Uma das razões, mas obviamente não a única. É preciso não esquecer o modo desastroso como conduziu o processo da avaliação dos professores.

Infelizmente, o que ela disse é apenas mais do mesmo – a continuação da mentira que anda a dizer desde que é ministra.

Com a verdade nos tentas enganar, Governo

Segundo o jornal Público, “a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou hoje que os resultados escolares do ano lectivo 2008/2009 revelam uma 'redução para metade do abandono e insucesso escolar' nos últimos anos.”

Esses números certamente que existem, escritos em papéis. Não é aí que reside a mentira. A mentira reside nos mecanismos que permitem chegar a esses números.

"Atribuo a medidas como os planos de recuperação, os cursos de educação e formação, generalização de currículos alternativos, o maior tempo de trabalho dos professores com os alunos, mas também a estratégias que foram desenvolvidas pelas escolas de ir buscar os alunos ao abandono", afirmou a ministra.

O que se passa é que esses planos de recuperação, cursos profissionalizantes e currículos alternativos são pouco mais do que formas de institucionalizar o facilitismo. Os alunos que deles “beneficiam” não aprendem realmente mais. Acontece apenas que os programas e os critérios de avaliação, devido a orientações emanadas do Ministérios de Educação, permitem que os alunos passem sem aprender. Dizer que se trata de passagens administrativas não é exagero.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Usar o computador é diferente de aprender

Segundo o jornal Público, “Todas as escolas estão ligadas à Internet a pelo menos 64 megabits por segundo e o rácio de alunos por computador passou de 18 para 5,6, entre 2005 e 2009, disse a ministra da Educação.”

Pelo que tenho verificado nas aulas esse facto não se traduz – para a maioria dos alunos - num acréscimo de curiosidade e interesse pelos conhecimentos disponibilizados, na Internet e nas aulas, ao nível da Matemática, da Física e Química, da Biologia, da Filosofia...

A utilização dos computadores, feita pela maioria dos alunos, restringe-se a actividades lúdicas que nada têm a ver com a procura do conhecimento ou a sua aplicação, a saber, jogos, redes sociais, etc.

E que tal se o Ministério da Educação fizesse um inquérito para, a partir de dados rigorosos, poder avaliar o impacto desta medida na aprendizagem, uma vez que a considerou prioritária?

O que seria realmente um motivo de orgulho é se existissem 5 ou 6 livros lidos por aluno.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Watergate à portuguesa ou estarão todos a fazer campanha a favor da abstenção?

conversa fiada

«A Presidência da República recusou ontem tecer qualquer comentário público às suspeitas avançadas por um dos seus membros da Casa Civil, mas também não as desmentiu. As suspeitas apontam para o facto de o Governo, ou o PS, estarem a vigiar os seus serviços e assessores. Já o primeiro-ministro, José Sócrates, começou por recusar falar sobre o assunto, mas acabou por alegar não poder "perder tempo a comentar disparates de Verão".» Ler mais aqui e aqui.

Ontem ouvi alguém, sentado na mesa ao lado de uma esplanada, dizer o seguinte acerca deste caso: “Estes gajos... É só Blá! Blá! Blá!” E a conversa derivou para o futebol.

Não sei se alguém foi ou não vigiado. Mas não faz sentido alguém da Presidência dizer que isso aconteceu e depois não dizer mais nada e não tirar consequências. E faz ainda menos sentido, face à gravidade das suspeitas, o Governo e o PS limitarem-se a emitir umas graçolas sobre o assunto.

Não faz sentido, porque, além de não permitir apurar a verdade, contribui para descredibilizar ainda mais os políticos. Quem perde é a democracia e, por isso, o país.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sociedade do conhecimento ou república das bananas?

“Presidência da República teme estar a ser vigiada”. Palavras para quê? É Portugal, no Ano da Graça de 2009. A poucas semanas das eleições - vale a pena acrescentar.

Leia a notícia toda aqui. Os pormenores não são exaltantes. Para falar verdade, são sórdidos.

É impressão minha ou as novas tecnologias, para não falar da democracia e das eleições, podiam servir para fazer coisas muito melhores?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Velhas oportunidades

“José Sócrates acabou o curso a um domingo”, recorda o jornal i – que classifica o feito como um dos “Escândalos da Democracia”.

Mesmo que não se consiga provar que houve ilegalidades no processo, é óbvio que houve pelo menos algumas facilidades pouco éticas.

Haverá alguma relação entre esse caso e o modo como este governo tratou os professores? Claro que não! Em política o “faz o que eu digo e finge que não vês o que eu faço” é um princípio sagrado.

domingo, 16 de agosto de 2009

Há políticos que dão explicações parecidas

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A arte moderna e a política: um casamento de onde só podem vir maus ventos.

Eu sei que o cartoon fala de gestão, mas acabei de folhear o jornal e li várias declarações políticas desse calibre. E o pior é que não é por causa da silly season.

Empresas públicas pouco… públicas!

Por falar em avaliação dos professores… E se estas práticas administrativas e políticas (sim, políticas) fossem avaliadas? Não chegariam certamente ao Suficiente. Gostava de acreditar que nas próximas eleições essa avaliação será feita, mas...

Vem isto a propósito desta notícia do jornal Público: “a empresa pública criada, em 2007, para desenvolver as obras de transformação das escolas secundárias portuguesas já gastou mais de 20 milhões de euros em projectos de arquitectura que foram adjudicados por convite directo, sem consulta a terceiros nem publicitação dos contratados.”

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Quem se mete com o Governo leva!

João Lobo Antunes “João Lobo Antunes não foi reconduzido pelo Governo ao Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida”, segundo noticiam o Jornal Público e o jornal i. O que contraria um compromisso que José Sócrates, segundo dizem esses jornais, terá assumido com o Presidente da República.

Para que se saiba, João Lobo Antunes (professor de Medicina, neurocirurgião de fama mundial, autor de diversos livros onde revela uma enorme cultura científica e humanística, bem como uma acutilante capacidade reflexiva) tem emitido opiniões criticas relativamente a alguns aspectos da governação socialista – nomeadamente acerca da política educativa. (A esse respeito veja, por exemplo, aqui.)

Como membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida redigiu um parecer, juntamente com Daniel Serrão, onde lançou muitas críticas a um projecto-lei socialista sobre o “testamento vital”.

Por isso, apesar da sua inegável competência, João Lobo Antunes foi vítima da intolerância e sectarismo do governo – que, como mais uma vez se comprova, não sabe lidar com pessoas livres e com espírito crítico. “Quem se mete com o PS leva”, disse uma vez Jorge Coelho. Quem duvida?

domingo, 2 de agosto de 2009

Exames nacionais - Que fazer?

Os resultados dos exames nacionais têm gerado grande controvérsia. A oposição critica o governo de usar os resultados dos exames como instrumento de propaganda, sendo, também, um sinal claro do facilitismo que impera nas escolas. Por sua vez, o ministério da educação congratula-se com a melhoria dos resultados, sendo estes um sinal da cultura de exigência que este governo conseguiu implementar nas escolas, apesar da oposição de professores e da generalidade das organizações sindicais.
Os resultados conseguidos na disciplina de matemática, quer no 12ª ano quer no 9ºano, durante a legislatura, parecem querer indicar que o governo entrou numa onda de facilitismo para poder daí retirar dividendos políticos. Convém dizer que o procedimento do ministério da educação foi tão descarado que qualquer pessoa minimamente informada percebe que há aqui uma tentativa clara de manipular a opinião pública.
Face ao exposto, o governo que venha a sair das próximas eleições se quiser devolver alguma credibilidade aos exames deverá procurar que a elaboração dos exames seja feita por entidades independentes. Assim, por exemplo, quem deveria elaborar os exames da disciplina de matemática deveria ser a sociedade portuguesa de matemática ou a associação de professores de matemática. Desta forma, poder-se-ía evitar a politização de uma área sensível e fundamental para o desenvolvimento do país.

F. Pinheiro

Outro daqueles engenheiros que… não são bem engenheiros

falso engenheiroQuino  

Cartoon de Quino.