sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Entrevista de Nuno Crato, na Escola Pedro Nunes, na Semana da Educação ...



Nesta entrevista, o ministro insistiu na ideia de que é preciso reorganizar o ministério devido a constrangimentos orçamentais mas não só. Assim, o ministério irá ter, no futuro, uma estrutura mais leve e mais ágil para poupar algum dinheiro e para prestar um melhor serviço às populações. A reorganização do ministério não se prende apenas com imperativos de natureza orçamental mas também com a finalidade de optimizar o seu funcionamento.

Nesta entrevista, há uma ideia que me causa urticária: a crença do ministro de que a colocação dos professores por parte das escolas irá contribuir para a melhoria do ensino. A ideia de que se deve dar mais autonomia às escolas, em abstracto, até pode fazer sentido. Mas, quando se pretende usar essa autonomia para proceder à colocação de professores é bem provável que a experiência venha a dar maus resultados. Todos nós sabemos que em Portugal há uma tendência endémica para o compadrio e o amiguismo, logo, não auguro nada de bom para professores e alunos se esta medida vier a ser implementada. Numa profissão em que é fundamental ter professores autónomos e com espírito crítico, esta medida iria condicionar, gravemente, a actuação da generalidade dos professores.

O actual modelo de colocação de professores não é perfeito. Baseia-se em duas variáveis fundamentais: a classificação profissional e o tempo de serviço. Apesar das deficiências que certamente tem sempre foi impermeável às cunhas. Substituir o actual modelo de colocação de professores pela colocação local de professores é um risco muito grande que não vale a pena correr, pois, poderá vir a ser fonte de profundas injustiças. Se esta hipotética medida for levada em diante a única forma de controlar os estragos é alargar os exames nacionais a todas as disciplinas, caso contrário, em muitas escolas, poderemos ver colocados os amigos do director.

F. Pinheiro

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