sábado, 5 de setembro de 2009

Mentir com os números: 9 alunos para 1 professor

A quantificação costuma significar rigor e precisão. Por isso é que a Matemática (com esse nome ou com outro: Cálculo, Estatística, etc.) faz parte do plano de estudos da generalidade dos cursos universitários, mesmo na área das Ciências Sociais.

Claro que isso não impede que se digam grandes mentiras com os números. Alguns políticos fizeram disso uma verdadeira arte, dando razão a Andrew Lang: "Ele usa a estatística como os bêbados usam os postes dos candeeiros: mais para apoio do que para iluminação". bebâdo e estatística

Um exemplo de como se pode mentir com os números é a célebre média nacional de 9 alunos para 1 professor, que os responsáveis do Ministério da Educação tanto gostam de repetir – para defender que não é preciso diminuir o número de alunos por turma. Infelizmente, esquecem sempre de referir que ao fazer essas contas incluíram os professores que não têm nenhum aluno (como os Presidentes do CE e os responsáveis pelas bibliotecas escolares) e os professores que só têm uma turma ou duas. Essa média não significa portanto que a maior parte das turmas não sejam demasiado grandes e não haja muitos professores com cento e tal de alunos.

Por exemplo: este ano terei 110 alunos e no ano passado tive 119. Mas comparado com o professor Luís Palma de Jesus sou um privilegiado. Este, no blogue Geografismos, conta que no ano lectivo de 2007/2008 teve 277 alunos. 277!

(Imagem e citação tiradas daqui.)

2 comentários:

  1. Consideremos uma escola em que cada professor tenha cinco turmas de trinta alunos, e cada turma dez disciplinas. Cada turma terá dez professores, o que dará, para a turma, três alunos por professor. A nível da escola, o número de alunos por professor será de 3x5, ou seja: quinze.

    Um governo que queira enganar os cidadãos dirá então: nesta escola há um professor por cada quinze alunos. Isto levará quem não fizer as contas a concluir que cada turma tem quinze alunos em vez de trinta.

    Suponhamos agora que o número de disciplinas aumenta para quinze. Cada turma passará a ter dois alunos por professor, e a escola dez. O número de alunos por professor baixou de quinze para dez, o que é óptimo para efeitos de propaganda, mas cada turma continuou com os mesmos trinta alunos que tinha antes.

    Aumentando o número de disciplinas, diminui-se o número de alunos por professor sem se diminuir o número de alunos por turma. Um verdadeiro passe de mágica.

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  2. José Luiz:

    Um passe de mágica que engana, entre outros, os jornalistas: ouvem certos políticos dizerem as enormidades e são incapazes de os questionar.

    Outra coisa de que quase não se fala é o número de níveis e de disciplinas que alguns professores têm. Há professores que leccionam 3 ou 4 disciplinas diferentes a vários anos.
    Por exemplo: Conheço casos de professores que leccionam 10º e 11º de Filosofia, Área de Integração e Psicologia no Ensino Profissional. Se juntarmos a isso cerca de 150 alunos... Como se pode preparar boas aulas e avaliar com rigor nessas condições?

    cumprimentos

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